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terça-feira, 31 de dezembro de 2013

AnO NoVo cHeGaNdO...


Quero tudo novo de novo. 
Quero não sentir medo. 
Quero me entregar mais, me jogar mais, amar mais. 
Viajar até cansar. 
Quero sair pelo mundo. 
Quero fins de semana de praia. 
Aproveitar os amigos e abraçá-los mais. 
Quero ver mais filmes, ler mais. Sair mais. 
Quero não me atrasar tanto, nem me preocupar tanto. 
Quero morar sozinho, quero ter momentos de paz. 
Sorrir mais, chorar menos e ajudar mais. 
Quero ser feliz, quero sossego. 
Quero me olhar mais. 
Tomar mais sol e mais banho de chuva. 
Preciso me concentrar mais, delirar mais. 
Não quero esperar mais. 
Quero fazer mais, suar mais, cantar mais e mais. 
Quero conhecer mais pessoas. 
Quero olhar para frente. 
Quero pedir menos desculpas, sentir menos culpa. 
Quero mais chão, pouco vão e mais bolinhas de sabão. 
Quero ousar mais. 
Experimentar mais. 
Quero menos ‘mas’. 
Quero não sentir tanta saudade. 
Quero mais e tudo o mais. 

"E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha." ‎(FernandoPessoa)

ADEUS 2013...


domingo, 29 de dezembro de 2013

UmA nOiTe SenSaCiOnAl...


"Lute com determinação, abrace a vida com paixão, perca com classe e vença com ousadia, porque o mundo pertence a quem se atreve e a vida é muito para ser insignificante."


Charles Chaplin

FELIZ ANO NOVO


Feliz Ano Novo!

Todo ano é uma promessa...
Quantas dúvidas temos:
o que fazer, como será,
quais caminhos trilhar?


"Toda caminhada começa com o primeiro passo."
Então continuemos nossa caminhada...

Buscando ajuda, apoio,
ou simplesmente,
uma companhia.

Coloque as mãos na massa:
junte disposição, ânimo,
carinho e respeito.
Acrescente seus estudos,
momentos de planejamento e
de avaliação.
Leve tudo ao coração,
passando sempre pela razão...

Cultive seus sonhos,
sua imaginação,
sua criatividade!
Todos somos capazes,
basta acreditar!

Educar é tornar as pessoas felizes,
pois descobrem suas capacidades,
percebem suas potencialidades.
Educar é humanizar.
Educar é dar condições
para se tornar cidadão.
Juntos
nessa rede
de pessoas
que vivem
pela, para e na
Educação.

Texto de : Ivanise Meyer


LiNdA SeMaNa...


sábado, 28 de dezembro de 2013

BoM DiA!


" O olho do ser humano serve de fotografia ao invisível, como o ouvido serve de eco ao silêncio."


Machado de Assis

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

E aí... Fim-de-semana ou fim de semana!?



A forma correta de escrita da locução é fim de semana. A locução fim-de-semana passou a estar errada desde a entrada em vigor do Novo Acordo Ortográfico, em janeiro de 2009. Devemos utilizar a locução fim de semana sempre que quisermos referir o período de tempo, geralmente de lazer, referente aos dias sábado e domingo.

Segundo o Novo Acordo Ortográfico, não deverá ser utilizado hífen nas locuções substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais, prepositivas ou conjuncionais.
Exemplos: fim de semana, dia a dia, sala de jantar, cão de guarda, cor de vinho, café com leite, à toa, …

Serão exceções a esta regra algumas locuções consagradas pelo uso, com significado próprio: água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará e à queima-roupa.

Exemplos:
No próximo fim de semana viajarei para Búzios.

Passei o fim de semana descansando.


Você virá me visitar no fim de semana?


PeSSoAs LiNdAs... Um FiM de SeMaNa ESPETACULAR para NóS!


quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

A celebração do Natal de Jesus


A celebração do Natal de Jesus foi instituída oficialmente pelo Papa Libério, no ano 354 d.C.

Segundo estudos, a data de 25 de dezembro  não é a data real do nascimento de Jesus. A Igreja entendeu que devia cristianizar as festividades pagãs que os vários povos celebravam por altura do solstício de Inverno.

Portanto, segundo certos eruditos, o dia 25 de dezembro foi adotado para que a data coincidisse com a festividade romana dedicada ao "nascimento do deus sol invencível", que comemorava o solstício do Inverno. No mundo romano, a Saturnália, festividade em honra ao deus Saturno, era comemorada de 17 a 22 de dezembro; era um período de alegria e troca de presentes. O dia 25 de dezembro era tido também como o do nascimento do misterioso deus persa Mitra, o Sol da Virtude.

Assim, em vez de proibir as festividades pagãs, forneceu-lhes simbolismos cristãos e uma nova linguagem cristã. As alusões dos padres da igreja ao simbolismo de Cristo como "o sol de justiça" (Malaquias 4:2) e a "luz do mundo" (João 8:12) expressam o sincretismo religioso.

Querendo ler mais sobre, acesse:

ChEgOu 25 de dEzEmBrO...


terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Um FeLiZ NaTaL...


Desejo a vocês e as suas famílias um Feliz Natal,com amor,paz,alegria e união.

Para o ano novo, desejo que...

"...se for pra fazer guerra, que seja de travesseiro.
Se for pra ter solidão, que seja no chuveiro.
Se for pra perder, que seja o medo.
Se for pra mentir, que seja a idade.
Se for pra matar, que seja a saudade.

Se for pra morrer, que seja de amor.
Se for pra tirar de alguém, que seja sua dor.
Se for pra ir embora, que seja a tristeza.

Se for pra chorar um dia, que seja de alegria.
Se for pra cair, que seja na folia.
Se for pra bater, que seja um bolo.
Se for pra roubar, que seja um bolo.
Se for pra matar, que seja de desejo."


Alvaro Socci

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

CRÔNICA: O CIRCO PEGOU FOGO!


CRÔNICAS: RUBEM ALVES

O CIRCO PEGOU FOGO!


Nossa fama é a de um povo bem-humorado. Aqui tudo vira piada. E não sem razões. Há palhaços muito engraçados no nosso circo.
  
Rimo-nos dos poéticos marimbondos de fogo do presidente Sarney, das suas fantasias de Cinderela, do seu voo de um milhão de dólares para Paris - toda Cinderela deve ter uma carruagem de ouro - e do seu retorno desenxabido, porque nenhum príncipe o tirou para dançar. Voltou sem ter perdido nenhum sapatinho de cristal.

 Rimo-nos da coisa roxa do Collor, que revelou a inspiração fálica do estilo presidencial, representada nos seus gestos de Rambo. Rimo-nos mais ainda da sua falta de humor diante do ministro Magri... Se tivesse sabido rir a tempo, teria evitado muitas dores de cabeça. Ah! O ministro Magri, humorista nato! Haverá coisa mais engraçada que suas insólitas tentativas de ampliar o dicionário, suas aventuras em Genebra que, acho, ele confundiu com o Disneyworld, e sua revolucionária tese biopsicológica sobre a identidade entre o cachorro e o homem, o que nos deixa sem saber se é a inteligência do cachorro que é igual à do ministro, ou se é a do ministro que é igual à do cachorro. Rimo-nos ainda das bicicletas e guarda-chuvas do ministro da Saúde, que certamente lhe valerão uma indicação para o prêmio Nobel de Medicina.
  
Rimo-nos do inglês da primeira-dama. Não que ela tivesse obrigação de saber inglês. Mas quem não sabe, a prudência manda calar. Se me convidarem para dançar o tango, recusarei. Pois ela aceitou o convite para falar inglês com a princesa Diana, estatelando-se no chão ao primeiro passo. Rimo-nos das suas lágrimas - talvez por uma associação direta com as famosas lágrimas de crocodilo - pois não se acredita muito que a família Malta leve as lágrimas a sério.

Rimo-nos das ridículas aventuras amorosas do ministro e da ministra, transformadas em best seller - não por valor literário ou por excitação erótica, mas porque temos uma fome insaciável do grotesco.
  
E rimo-nos do porta-voz do governo, que adota como norma não os processos de inteligência, explicação e argumentação que a civilização consagrou, mas algo que só pode ter sido aprendido numa academia de
boxe: “Bateu, levou...” Reino de Avilã, república de Alagoas...

De Gaulle, que não gostava de circo, reclamou e disse que este não é um país sério. Todo mundo se abespinhou. Sem razão. Pois se rimos tanto, é porque lhe damos razão. Parece que a sabedoria política que aprendemos com a história pode se resumir no velho ditado que afirma que “rir é o melhor remédio”.

De fato, riso é remédio. Na clínica psicanalítica, quando um paciente começa a ter a capacidade de rir, a gente pode ter certeza de que alguma coisa boa está acontecendo na sua alma.

Mas não é qualquer riso. Há um riso doentio, mórbido, que é sinal de que todas as esperanças foram perdidas. Li em algum lugar - não me lembro onde; acho que foi no Camus - uma referência ao humor patibular: o condenado se ri do nó da forca, à sua frente. Não porque seja engraçado, mas porque o riso aparece como a única saída diante do terror. O que me faz lembrar uma velha piada. O professor levava os alunos numa visita educacional pelo zoológico e explicava as características de cada bicho. “Esta é a hiena listrada, cujo nome científico é Hyaena hyaena. Tem relações sexuais uma vez por ano e alimenta-se de fezes. Notem que sua voz soa como uma gargalhada”. Um menininho levantou a mão: “Professor, posso fazer uma pergunta? Se ela tem relações sexuais uma vez por ano e come fezes, de que é que ela está rindo?”

Seremos parentes da hiena? Ou talvez tenhamos aprendido a sabedoria dos norte-americanos que inventaram uma norma para enfrentar situações dolorosas e inevitáveis? “Se você vai ser estuprado e nada pode fazer para evitá-lo, relaxe e goze o mais que puder.”
  
E assim, diante do nó da forca que o poder legítimo e democrático nos preparou, pomo-nos a rir como se fosse engraçado. Mas não há nada engraçado que mereça o riso. Nosso riso é doença. Não nos damos conta do grau de humilhação a que estamos sendo submetidos pelos donos do poder. A reação sadia diante deste circo só pode ser a de indignação. Se continuamos a rir, é porque sofremos de um grave caso de humor patibular.
  
Marx pensava que o circo iria acabar quando os artistas, empregados e explorados fizessem uma revolução e expulsassem os donos do espetáculo. Equivocou-se. Quem continua empregado ainda tem algo a perder. Fazem cara feia, mas basta que o leão ruja para que se ponham a rir patibularmente. São os que nada mais têm a perder que preservam a capacidade de indignação. Coisa que Marcuse já percebera, muitos anos atrás, ao indicar o lugar onde a indignação ainda vive: “Nos párias e marginalizados, nos desempregados e naqueles que não podem ser empregados, e que sobrevivem por detrás da base popular conservadora da sociedade.” E nós acrescentaríamos: nos aposentados, sem emprego, sem poder, sem sindicato, sem muita vida pela frente. Eles nada têm a perder. Passaram a vida inteira pagando por um bilhete de entrada, só para se verem barrados pelos leões-de-chácara. Bem, se não podem entrar, não se consolam dizendo que “rir é o melhor remédio”. Só lhes resta botar fogo no circo. Escreve-se, assim, um novo final para um manifesto de transformação da sociedade: “Desesperados do mundo inteiro: uni-vos!”

  

(Correio Popular, 1991 ou 1992)

Uso da vírgula : “OU” e a vírgula


1 – A vírgula antes do “ou” exprime ideias contrárias.
Ex. Isto, ou aquilo.

2 – se “ou” separa palavras: não há vírgula.
Ex. João ou Pedro…

3 -  Se “ou” separa orações: há vírgula.

Ex. Ou entra, ou sai.

A pronúncia correta é 'pêgo','pégo' ou pegado?


Pegado é a forma regular. A forma abreviada (pego), de criação popular, se impôs, e hoje ela é legítima.

Quanto à pronúncia, pode-se dizer pêgo ou pégo.

A forma regular, “pegado”, é usada quando a frase está na voz ativa, ou seja, quando o verbo auxiliar é “ter” ou “haver”.

Exemplo:
O senador já havia ou tinha PEGADO o táxi quando…
A vereadora tinha PEGADO as provas da fraude.

A forma irregular, “pego”, se usa quando a oração está na voz passiva, isto é, com o auxiliar ser

Exemplo: 
João foi PEGO com a mão na massa.
O deputado foi PEGO em flagrante. 


 Se usarmos somente a forma pegado, não teremos dúvidas de que estaremos falando corretamente. Mas a forma pego também está correta mesmo que a pronúncia seja pégo ou pêgo.

Fonte: (adaptado)

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

10 DE DEZEMBRO... Há 93 anos nascia Clarice Lispector




"Escrevo neste instante com algum prévio pudor por vos estar invadindo com tal narrativa tão exterior e explícita. De onde no entanto até sangue arfante de tão vivo de vida poderá quem sabe escorrer e logo se coagular em cubos de geléia trêmula. Será essa história um dia o meu coágulo? Que sei eu. Se há veracidade nela – e é claro que a história é verdadeira embora inventada – , que cada um a reconheça em si mesmo porque todos nós somos um e quem não tem pobreza de dinheiro tem pobreza de espírito ou saudade por lhe faltar coisa mais preciosa que ouro – existe a quem falte o delicado essencial.”

10 de dezembro... DIREITOS HUMANOS


sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

pEnSaMeNtO do DiA!


Uma boa cabeça e um bom coração formam sempre uma combinação formidável.

Nelson Mandela

Discurso de posse, em 1994 (Mandela)



"Nosso grande medo não é o de que sejamos incapazes.
Nosso maior medo é que sejamos poderosos além da medida. É nossa luz, não nossa escuridão, que mais nos amedronta.
Nos perguntamos: "Quem sou eu para ser brilhante, atraente, talentoso e incrível?" Na verdade, quem é você para não ser tudo isso?...Bancar o pequeno não ajuda o mundo. Não há nada de brilhante em encolher-se para que as outras pessoas não se sintam inseguras em torno de você.
E à medida que deixamos nossa própria luz brilhar, inconscientemente damos às outras pessoas permissão para fazer o mesmo".

(Discurso de posse, em 1994)

Nelson Mandela

A EdUcAçÃo... Mandela


PeLa LiBeRdAdE...

"Ser pela liberdade não é apenas tirar as correntes de alguém, mas viver de forma que respeite e melhore a liberdade dos outros."

Nelson Mandela (1918-2013)

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Pensamento do dia!


“É preciso ter esperança, mas ter esperança do verbo esperançar; porque tem gente que tem esperança do verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir! 
Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo...”


Paulo Freire

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

pensamento do dia!


"Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma, continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra".


Rubem Alves

domingo, 1 de dezembro de 2013

O TERROR DO ESPELHO: Rubem Alves

 CRÔNICAS: RUBEM ALVES


O TERROR DO ESPELHO

Ao que tudo indica, comer um tijolo diariamente faz
mal à saúde. Mais que dois maços de cigarro. No entanto, nunca encontrei médico
que combatesse este pernicioso hábito. 
Falam do perigo do torresmo, das
picanhas engorduradas, das frituras, do açúcar, da vida sedentária, da
cerveja... Mas sobre o perigo da ingestão de tijolos o silêncio é total. 
Claro.Não é preciso. Ninguém deseja comer tijolos. 
A proibição aparece somente no
lugar onde mora o desejo. 

Os bombeiros só são chamados quando existe incêndio.
Está proibido (inutilmente) cobiçar a mulher (e o marido) do próximo. Por que
se cobiça, é óbvio. E também está comandado honrar pai e mãe, porque, imagino,
até os escritores sagrados sabiam sobre Édipo, a sinistra mistura de ódio e desejos
proibidos que estão misturados nas relações entre pais e filhos. E se está
proibido matar e roubar é porque estes desejos estão bem vivos dentro da gente.
A proibição revela sempre a presença do seu oposto, no lado do avesso,
escondido.


Vai isto como introdução à continuação de nossas
meditações demonológicas, já, iniciadas. Para absolver o diabo de uma acusação
injusta que sempre se lhe faz, de que ele coloca desejos impuros na cabeça dos
pobres mortais. Nada mais longe da verdade. Este poder não lhe foi concedido.
Não se pode colocar um desejo no coração de ninguém. O que se pode fazer é
abrir as portas para que os que já existem, trancados e silenciados, apareçam
na sala de visitas onde os convivas, na companhia grave de clérigos e
princípios de moral, falam sobre as coisas sobre que todos concordam e que não
fazem ninguém enrubescer. 
O diabo não joga porcaria dentro da fonte. Ele só
mexe o lodo que repousava no fundo da água limpa. E aí começam a surgir sapos,
cobras, escorpiões - e o rosto de Narciso vira coisa feia.

  
Mas não é só isto que as artes do diabo fazem
aparecer. O fundo das águas é lugar encantado, onde moram também lindas
criaturas, sereias, iaras, borboletas de asas coloridas, gaivotas planantes no
ar, barcos à vela entrando no mar, e até mesmo uma bela adormecida. Vivem lá,
submersas, esquecidas... Mas quem as submergiu? 
Nós mesmos. 
Algumas, por serem feias demais. 
Foram escondidas por vergonha, como antigamente se escondiam os
urinóis nos criados-mudos. Outras, por serem belas demais, ousadas demais,
livres demais, e faltar-nos coragem para tomá-las como companheiras: por medo
de voar, por medo de navegar, por medo de amar. 
A beleza faz convites que
assustam...

  
Pois é só isto que o diabo faz: acorda os desejos
que já moravam em nós. Ele não bota o ovo. Só quebra o ovo que nós botamos,
para ver o que tem lá dentro, se vida ou morte.


Sutil. Sutilíssimo. Os textos sagrados dizem que a
serpente era a mais sutil de todas as criaturas que Deus havia colocado no
jardim. Escorrega com fala mansa até o lugar onde moram os nossos desejos.
Cheguei a pensar que ela foi o primeiro psicanalista, pois ambos estão à
procura da mesma coisa: os desejos esquecidos.

  
É aí que começa a segunda parte da sua tarefa.
Primeiro soltou os desejos. Depois, como sutil testador, nos coloca a questão:
“Você sabe que não é possível ficar com todos. É preciso escolher. Se você
tivesse de rejeitar todos, menos um, qual seria o escolhido? Onde está o seu
coração? Qual é a sua verdade?” E começa a fazer como os oftalmologistas que
colocam uma lente e depois outra no nosso olho e dizem: “Esta ou aquela?” O que
é que você ama mais? Qual é a sua verdade? E nos vai despetalando, como quem
despetala uma flor, para ver o que sobra, para ver o que somos. Pois somos o
que desejamos. A alma é um espaço onde se ouvem as mais distintas melodias,
selvagens ritmos de tambores, cósmicos corais gregorianos, bandas de rock
metaleiro, flautas doces, canções de ninar, canções de amar, marchas militares
- tudo, ao mesmo tempo. E o diabo nos faz decidir: “Esta ou aquela?” Afinal,
qual é a sua?


E chegamos então a esta estranha conclusão: 
testador está a serviço do amor. Vai nos obrigando a decidir. Na medida em que
decidimos, os contornos de nosso rosto vão ficando cada vez mais claros,
refletidos na água da fonte.


Álvaro de Campos tem um verso que diz mais ou
menos assim: 
“Sou o intervalo entre o meu desejo e aquilo que os desejos dos
outros fizeram de mim”. 
Intervalo, um espaço indefinido onde a minha verdade se
perdeu, enfeitiçada pelo pedido dos outros. Os outros pedem que não sejamos o
que somos; que sejamos só o que eles desejam. E ficamos sem rosto. Só máscaras.
Cebolas sem cerne, só casca. O diabo nos coloca entre o martelo e a bigorna e
vai nos forçando a tomar decisões. Pode ser que, ao final, tenhamos a
experiência suprema de horror. Quando, diante do espelho, não vemos rosto
algum, apenas os rostos de outros. Acho que é por isto que todo mundo fala mal
do diabo: porque, além de ser ferreiro de martelo e bigorna, é também
especialista em beleza, com espelho na mão. 
E o reflexo no espelho dói mais que
o martelo na bigorna...

  

(Correio Popular, 10/02/1991)

BoM DoMiNgO!

(͡๏̯͡๏)(͡๏̯͡๏)
( , ,)( , ,)¸.¸..¸.•´ ¸.•´.- 
¯**´¯**´¯`˜”*°•.•.¸¸´ ¸.

Lindo domingo... que a semana seja de muitas realizações para todos nós.